Entre o passado e o futuro, entre a memória e o desejo, existe uma zona tão frágil como rica, um paraíso no limiar. Foi neste lugar sagrado que a 'cantautora' andaluza Rocío Márquez e Bronquio, um dos protagonistas da música eletrónica espanhola, se encontraram para criar 'Tercer Cielo', um álbum que mergulha no desconhecido e ao fazê-lo, cria uma nova linguagem.
O ponto de partida é o flamenco. Encontram-se estruturas rítmicas, líricas e melódicas de bulerías, rumba, pregón, seguiriyas, tangos, garrotín, milonga, debla, toná, soleá ou verdiales. Cada um destes palos é depois trabalhado segundo diferentes estilos de música eletrónica, como o techno, o electro ou o break. O resultado é uma colisão eletrizante entre o passado e o futuro, que transcende géneros musicais e que tem sido apontado em Espanha como um dos álbuns do ano.
O novo discotem também reunido enormes elogios pela sua apresentação ao vivo, que pode acontecer essencialmente em dois formatos: um para teatros, composto de encenações com direcção artística de Emilio Rodríguez Cascajosa e Juan Diego Martín Cabeza, e outro mais clássico, cantado e tocado, para apresentações ao ar livre e em festivais.
Dona de uma voz e de um virtuosismo raros, Rocío Márquez é um dos nomes mais importantes do flamenco contemporâneo e uma presença assídua nos palcos portugueses. A sua discografia deixa evidente o amor pela tradição deste género, mas também a necessidade de ampliar os seus limites. Em 2020, Márquez arrecadou o prestigiado Les Victoires du Jazz na categoria Melhor Álbum de Músicas do Mundo e desde então atuou em várias cidades portuguesas: Águeda (Festim, 2019), Lisboa (CCB, 2020), Porto (Casa da Música, 2020), Funchal (Teatro Municipal Baltazar Dias, 2021), Lagos (Centro Cultural de Lagos, 2021) e Braga (Theatro Circo, 2022).
©Locomotiva Azul | Foto:D.R.
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