"RGTN" é a nova canção de ProfJam e assinala o retomar de um ciclo já inaugurado. Depois dos primeiros avanços de L.S.D. (Love Songs Die) concretizados em "HEI" (2020) e "Alguém Como Tu" (2021), o autor de MDID (Música De Intervenção Divina) volta a abrir o coração num capítulo que estava longe de se ver fechado.
"RGTN" surge assim, enquanto terceiro single do álbum L.S.D. (Love Songs Die), como uma aproximação inédita do MC a um género-rei da última década para cá. As iniciais no título já permitem uma aposta cega no conteúdo, mas ninguém faria prever este salto depois de Mário Cotrim ter editado um álbum como MDID, inequivocamente circunscrito às matrizes do hip hop.
Mas as batidas dos 2LO, que tiveram uma participação fundamental na produção desse último disco, não enganam. E ProfJam põe desde logo as cartas na mesa: "Para ti tenho um reggaeton" é a frase inaugural que o autor vai repetindo ao longo da faixa que não se fica pela estética escolhida: revela antes mais uma cor do largo espectro de tons deste novo trabalho, que já vem a ser desenvolvido há praticamente quatro anos.
Já o vimos rimar numa cadência boom bap do mais purista que há e a esticar a corda à voz e aos limites do trap sem pruridos. Até já o ouvimos, bem recentemente, a cruzar esses dois universos aparentemente opostos — designadamente em "AUTO:BOOM", tema que serviu de anúncio aos seus dois espetáculos na Aula Magna. Também já demos por ele a cantar baladas, a protagonizar canções pop ou a dominar faixas viradas para o club. Reggaeton? Essa é nova no seu reportório. Mas um artista como ProfJam nunca dirá, certamente, "dessa água (de côco ou outra qualquer) não beberei". E, mais do que os géneros, sub-géneros, estilos ou cadências, o que verdadeiramente importa na visão do criador é a mensagem que a sua música propõe, independentemente dos caminhos pelos quais ela se molda e concretiza.
Assim, "RGTN" sucede a "HEI", tema que na altura foi também ele disruptivo dentro do que se esperava do respetivo autor, e "Alguém Como Tu", uma colaboração inusitada entre ProfJam e Agir que veio a confirmar tanto o fio narrativo do projeto como a multiplicidade de expressões que este virá a ter. Ser imprevisível está, por isso, no seu ADN artístico.
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